Sempre gosto de aproveitar o primeiro trimestre do ano para fazer balanços e definir o planejamento de curto, médio e longo prazo. Compreender os resultados do ano anterior, seja na vida profissional ou pessoal, é de extrema importância para definir os próximos passos. Como foi sua performance no ano passado? Você fechou o ano com uma memória de vitória ou de derrota?
Se você e sua equipe tiveram um resultado muito positivo é bem possível que tenham começado este novo ano com muita energia, e talvez até com uma certa arrogância. Lembre-se que junto com as vitórias chegam também desafios mais difíceis, que precisam ser encarados com humildade e lucidez para evitar se comprometer com obstáculos mais altos do que seja possível saltar nesse momento. Também é necessário renovar a conexão com o seu time, lembrando que os bons resultados só foram obtidos por conta da união de todos e que sem essa confiança e reconhecimento mútuo, o conjunto perde a harmonia e pode deixar de apresentar entregas positivas.
Mas se você, seu time ou a empresa tiveram um resultado mediano ou não tão bom quanto o planejado, a memória da derrota pode ter sido ativada. E é sobre ela que quero falar um pouco hoje.
A cultura corporativa e a sociedade em geral ainda lidam muito mal com o erro, focam em resultados e assertividade, e descartam a possibilidade da falha. Vivemos com medo de errar e presos à ilusão de que temos o controle das coisas. E quando o inevitável acontece – as quedas que sofremos ao longo da vida –, nos falta repertório para lidar com suas consequências.
O hipismo me ensinou uma lição preciosa: lidar com a queda. Em uma prova, quando o conjunto (cavalo e cavaleiro) sofre um acidente, uma queda ao saltar um obstáculo, ele é convidado a saltar novamente um obstáculo que já tenha superado naquela prova. O objetivo é que o conjunto não saia da pista com a “queda” ou “acidente” na memória, mas sim com a confiança de que é capaz. Ao pular outra vez e obterem êxito, é costume que os expectadores aplaudam reconhecendo a vitória da dupla. Esse é um exercício poderoso capaz de dispersar qualquer vestígio de medo e impotência. É um remédio e tanto para curar a “memória da derrota” que passei a aplicar em situações profissionais e pessoais.
A vida é uma sucessão de desafios e obstáculos. Não há como impedir esse fluxo, por isso é importante saber lidar com as quedas. Perder tempo demais com algo que não saiu como você queria pode ser prejudicial, minando sua autoestima e confiança, assim como a do seu time. Nessa hora é preciso acolher os sentimentos e os machucados, respirar fundo e fazer uma leitura objetiva dos fatos: eu e minha equipe estamos preparados para saltar esse obstáculo? Faltou treino? Como foi que caímos? O que pode ser feito de diferente? Quanto mais rápido e consciente essa leitura for feita, mais rápida será a superação da queda. E quanto mais quedas você superar, menor a chance de cair de novo.
Lembre-se que uma derrota sempre traz consigo muito aprendizado, e resistir a isso é ir contra o próprio crescimento. O seu papel como líder é, na medida do possível, prever o risco da queda e direcionar seu time para um salto seguro, para o qual vocês estejam prontos. Porém, se caírem, podem juntos mapear o que deu errado e encontrar as medidas necessárias para um novo salto, mais maduro.
Flávia Ramos
Amazona de si
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