Crescer é sempre um processo doloroso porque exige que nos movamos das nossas zonas de conforto. Dessa forma, tornar-se um profissional de alta performance ou criar e liderar um time desse nível exige uma constante movimentação em busca do aperfeiçoamento pessoal e profissional, encarando desafios maiores e garantindo entregas com excelência. Mas como caminhar nessa direção? Como motivar sua equipe a se engajar e ir além? Como manter-se motivado e superar-se?
No hipismo aprendi que precisamos encontrar incentivos – internos e externos – que nos ajudem a atravessar desafios. Assim, sempre que me proponho novas metas ou me deparo com obstáculos sei que preciso criar algum tipo de ajuda para me deixar mais alerta e presente, focada na direção que desejo ir. Sabe aquela história de começar a fazer esporte na segunda-feira que sempre é adiada para a semana que vem? Pois é, para começar é preciso tomar alguma atitude que crie condições favoráveis para tal, seja dormir cedo no domingo ou colocar o despertador com uma música animada para acordar. Depois de um tempo levantar na segunda para ir malhar fará parte da rotina e essas ajudas não serão mais necessárias.
Da mesma forma, se decidir encarar um projeto novo na empresa, terá de encontrar as ajudas certas para não sair do foco. Você dá conta? O que precisa para seguir? Como consegue motivar a si mesmo e a sua equipe? Lembre-se que a forma de inspirar um nem sempre funciona com o outro e mais uma vez, você terá que ter muito jogo de cintura. Um feedback realista pode ser um grande impulsor, assim como um bônus, um treinamento, um processo de coaching ou algo que faça sentido no dia a dia de vocês. O importante é acertar a dose, é inspirar na medida certa sem tornar a equipe dependente desses impulsos. Lembre-se que eles servem para aparar arestas e dar um gás na hora certa, porque de outra formar perdem a força e o sentido de ser.
Um time que para bater metas precisa sempre ganhar um bônus, por exemplo, acaba, com o tempo, tornando-se tão dependente do incentivo financeiro que perde de vista o mais importante: o propósito. Acredito que essa seja a grande chave de uma equipe realmente produtiva, a consciência do seu papel naquela engrenagem, o reconhecimento de que possuem espaço para fazer o que realmente gostam e que isso faz sentido para si e para os outros. Se um líder tem senso de propósito ele próprio atua como um modelo inspirador.
Na lida com o cavalo, o cavaleiro dispõe de algumas ferramentas para ajudar na condução do seu parceiro. Espora, chicote e rédea não são instrumentos de demonstração de poder para subjugar o animal, ao contrário, funcionam como motivadores para que o cavalo supere suas próprias limitações. O chicote tem o objetivo de ser a extensão dos nossos braços e pode ser tocado nas partes onde não alcançamos, mas nunca deve ser usado para causar dor. A dor paralisa e assusta. Causar dor e sofrimento é o caminho para o fracasso na liderança. A espora, por exemplo, é usada para cutucar levemente o bicho para lembra-lo de ter mais atenção para fazer um movimento que costuma ter dificuldade. Estes recursos devem ser usados por quem tem sabedoria e experiência, pois requer a dose precisa para ter eficiência. Com o tempo o seu animal se aprimora e desenvolve a musculatura necessária e não precisa mais dessas ajudas, prevalecendo apenas a conexão entre cavalo e cavaleiro, ambos dispostos a ir além.
Nesse constante exercício de superação o desconforto vai ser sempre inevitável, por isso, o desafio está em acertar na dose da pressão e do alívio. A pressão deve ser a menor possível, mas nunca menos do que o necessário. O reconhecimento pode ser usado em abundância, a cada esforço ou tentativa de acerto, este sempre será bem vindo. Já o “suborno” – os bônus, prêmios e cenouras – estes devem ser usados com muita cautela, pois são motivadores de baixa perenidade e geram vícios a curto prazo, fazendo a equipe “empacar” sem eles.
Quando as coisas saírem dos eixos, recorra sempre ao questionamento do propósito daquela empreitada. Vale a pena? A direção está correta? Tendo consciência dessas respostas, ficará mais fácil transmitir confiança e inspiração para sua equipe, fazendo os ajustes necessários e motivando-a com segurança e gentileza.
Flávia de Oliveira Ramos
Amazona de si
2 Comentários
José Zago
Flávia, achei muito pertinente a colocação feita sobre o propósito, a mola propulsora de nossa vida, bem como o querer mudar, pois somente o saber e o sentir não serão suficientes para colocarmos nosso plano avante…
Flávia
Que bom que fez sentido para você Zago. O propósito realmente é o que nos move! Agradeço pela sua contribuição.