O hipismo entrou na minha vida quando ainda era criança e vi um campeonato na televisão. Naquele momento, mesmo sem entender muita coisa, tinha certeza de que também queria poder saltar alto, montada em cima de um cavalo. Mal sabia eu que aquele era o começo de tudo, o começo de tantos aprendizados que me trariam até aqui, onde estou hoje, auxiliando líderes em busca de superação, realização de seus propósitos de vida e concretização de seus legados.

Muito do que sei aprendi com o Getúlio, meu primeiro cavalo. Foi ele que me ensinou que para darmos grandes saltos juntos só havia um caminho: a conexão entre nós. Dias ruins, dias bons, e a cada novo encontro, mais intimidade. Afinal de contas, como você acha que é possível fazer um animal de 700 quilos saltar tão alto? No fundo, é ele quem escolhe se pula ou não. A gente só dá a direção, e sente com o corpo todo se ele está preparado ou não.

Aos 17 anos comecei a dar aulas de hipismo para poder continuar pagando os meus treinos. Entre competições e algumas medalhas, algo em mim já dava sinais de que meu caminho era me tornar amazona de mim mesma e não, necessariamente, disputar grande prêmios. E assim foi. Cursava administração enquanto dava aulas, e logo comecei a trabalhar na empresa da minha família. De lá para um grande grupo de comunicação e depois para algumas outras grandes empresas.

Durante toda minha experiência no mundo corporativo, que incluiu ainda um MBA na Kogod School of Business (USA – Washington DC) e uma formação em Executive Coaching e Life Coaching pelo ICI (Integrated Coaching Institute), o hipismo seguia sendo meu guia, e Getúlio meu grande professor. A cada novo desafio na empresa eu sempre procurava respostas nas pistas: se isso fosse um obstáculo, como eu saltaria? Se eu fosse o cavalo nessa situação, o que eu faria?

E foi assim que alguns paralelos entre o hipismo e o mundo corporativo nasceram em mim. Ora me vendo como cavalo, trabalhando para que meu líder (ou o cavaleiro) pudesse atingir suas metas, ora me vendo como cavaleiro, encontrando o melhor caminho para que meu time (ou o cavalo), saltasse os obstáculos com agilidade e precisão. E em todas as circunstâncias, a resposta para qualquer conflito ou dúvida foi sempre a mesma: a gente precisa se conectar; a gente precisa ser um só para cuidarmos um do outro e entregar o melhor resultado.

Foi dessa forma também que compreendi que não é possível liderar uma equipe se eu não souber liderar a mim mesma – minhas emoções, metas, anseios. Quem sou eu? Como estou me sentindo? O que é prioridade agora e amanhã? Somente com o entendimento do meu mundo interno consigo acessar o mundo interno do outro. Somente me aceitando como ser humano, voluntariosa e vulnerável, cheia de medos e desejos, é que posso enxergar meu time como um grupo de pessoas nas mesmas condições, com personalidades diferentes, mais ou menos ajustáveis à minha.

Liderar é como um grande prêmio: vence quem saltar mais rápido sem cometer nenhuma falta. Mas que isso não seja uma competição para você, assim como não é para mim. Que seja apenas uma frase guia que te inspire a fazer melhor todos os dias, a não ter medo de cair, respirar fundo, se levantar e saltar de novo, ainda mais consciente. Não só quando estiver em seu escritório, buscando resultados, mas que seja assim em todas as suas relações. Que você possa se conectar com todos aqueles que também estiverem dispostos a saltar mais alto nas provas da vida.

Vou estar por aqui. Espero poder me conectar com você.

Flávia Oliveira Ramos
Amazona de mim mesma