Você já viu o documentário “O silêncio dos homens”? Se não viu, deveria ver. Está disponível no YouTube, na íntegra, e merece sua (nossa) atenção. É uma conversa franca entre homens de diversas idades sobre ser homem – tudo o que lhes foi imposto, tudo o que lhes foi cobrado e ainda, tudo aquilo que pode ser de outro jeito.

Que reconfortante é poder ver esses diálogos em pauta; ver nascer esses questionamentos e desconstruções sobre papéis, deveres e direitos de gêneros. Vou além – poder ver esse despertar para uma consciência maior: de que somos todos responsáveis pela sociedade doente em que vivemos, e que enquanto não assumirmos nossa responsabilidade por essa cocriação, continuaremos perpetuando sofrimento e desamor.

Homens não foram ensinados a falar sobre seus sentimentos, estiveram fadados a viver com as emoções trancafiadas. Homens acreditaram que seu papel em casa era o de prover e pouca atenção deram ao cuidar. Os tempos mudaram, a conta chegou e a fatura ficou alta. Limitou a ação dos homens no mundo e trouxe uma sobrecarga desumana para as mulheres. Nos colocou em um estado contínuo de estresse e solidão, em que vivemos constantemente com a guarda armada acreditando estarmos em guerra uns com os outros, sem nos darmos conta que a guerra acontece dentro.

Inteligência emocional se constrói vivendo, na experiência, no mergulho interno que nos permite dar nome as emoções e ganhar traquejo para saber lidar com elas. Sem isso, vivendo inconscientes, a mercê dessa constante ebulição de sentimentos que é estar vivo, nos tornamos criaturas reativas. Reagimos aos estímulos por impulso, reeditando nossos próprios dramas e repassando adiante, para nossas crianças, modelos de comportamento pouco construtivos.

Passou da hora de ouvirmos esse grito que tem ecoado aos quatro ventos pedindo por igualdade de gênero, porque no mais profundo, quando não está distorcido por dores pessoais, ele pede por evolução. Evolução da nossa espécie. Ele pede para que homens e mulheres se desconstruam e mergulhem em si mesmos, para que algo novo possa enfim emergir. Ele pede para que homens e mulheres encarem de frente quem são e o que podem ser, porque a verdade é que podemos muito, muito mais do que temos feito.

Que possamos então, começar a nos sensibilizar por nós mesmos e pelo que temos criado. Que possamos então, deixar para nossos filhos um legado mais sincero e equilibrado, com menos estereótipos e regras a cumprir e mais liberdade de ser e expressar o ser.

Não deixe de ver >> “O Silêncio dos Homens”

Flávia de Oliveira Ramos
Amazona de si