Definir o valor do nosso trabalho é algo bastante complexo. Como precificar o valor das nossas horas de vida, dos nossos talentos? Essa sempre foi uma questão para mim, ainda mais depois que me tornei mãe e precisei me questionar sobre o que poderia ser mais valioso do que ficar ao lado dos meus filhos vendo-os crescer.

Passamos muito tempo das nossas vidas dentro de escritórios, empenhando toda nossa energia trabalhando. Mas além da sobrevivência, o que nos move? Onde está nosso tesão? É fato que o ambiente corporativo está completamente doente e pode, em muitos casos, ser extremamente tóxico. Nós estamos doentes. Doentes de medos, angústias, mágoas e frustrações que ao não serem vistas com coragem e tratadas com amor, geram sintomas caóticos que vão se retroalimentando.

Em meu processo pessoal, principalmente depois da maternidade, questionei qual era o meu papel dentro das empresas. Mergulhei fundo dentro de mim para entender se havia propósito em tudo isso, e qual era ele. Compreendi que o salário que eu recebia era muito pouco se comparado a tudo de bom que eu deixava de fazer para estar lá dentro o dia todo. Foi quando entendi que o que recebia no final do mês nada mais era do que uma indenização por danos físicos, psíquicos e mentais. Por todo o desgaste empenhado para cuidar de metas, prazos e tentar fazer com que as relações ao meu redor fossem saudáveis. Seja lá qual fosse minha remuneração, ela nunca valeria o valor da minha vida.

Por isso, sempre que alguém me diz que está satisfeito com o que ganha, fico preocupada. O dinheiro que ganha pode te dar conforto, facilitar algumas escolhas, mas o que você faz para que ele chegue nas suas mãos, que é o que realmente importa, te enche de alegria? Todas as horas que você dedica ao seu trabalho valem a pena? Ficar confinado todos os dias tem algum sentido para você? Porque no fim das contas, viver precisa valer a pena e isso só é possível se a gente caminha de encontro ao que nos faz feliz de verdade.

Foram questões como essas que me deram coragem para abrir a For Leaders. Foi quando percebi que ficaria longe dos meus filhos porque também tinha algo importante para fazer fora de casa. Eu podia ajudar pessoas e corporações a olhar para dentro, a curar tanta desordem, a encontrar sua potência e então, criar formas inovadoras e genuínas de se expressarem. Eu podia ajudar pessoas a se autoliderarem, rompendo com velhos hábitos, crenças e modus operandi tão viciados e nocivos. Eu podia ajudar pessoas a encontrarem sua verdade, algo que realmente justifique o empenho de suas vidas.

Quando entendi o que me move, entendi também que o que faço é voluntariado. O dinheiro que chega, chega como consequência e não como objetivo. Quando entendi o que me move, entendi também que isso não tem preço. Qual o seu projeto de voluntariado onde trabalha? Qual o seu legado?

Flávia de Oliveira Ramos

Amazona de si